2 comentário(s)

22/03/2019

Christian

Que a psicologia esportiva é determinante no esporte de alta performance, ninguém duvida. Sabemos, em algum grau, que a nossa mente é capaz de ser a vela ou a âncora do barco e isso será sempre determinante na performance de todo SER HUMANO, dentro e fora das pistas.

O Cape Epic 2019, além de nos presentear com um show de transmissão, de imagens e de mountain bike, tem nos dado o privilégio de ver um embate mental explícito entre nada menos que o atual campeão mundial de mountain bike marathon, o brasileiro Henrique Avancini e o mito lendário Nino Shurter.

Quantos atletas são dotados de poder interior para encarar o Nino com esse olhar?

No artigo de hoje, irei compartilhar com você:

  • As camadas que poucos enxergam a respeito do duelo mental entre os dois
  • A minha opinião sobre o fato e sobre a imagem.
  • Por que o Avancini descolou do padrão do MTB brasileiro e deu um salto quântico para a órbita dos top globais.

O Cape Epic 2019 mais uma vez nos saúda com uma espetáculo de transmissão, de imagens e de conteúdo: que coisa linda e fantástica a tal tecnologia!

Além disso, as redes sociais dos atletas de ponta, outrora pouco utilizadas para fins competitivos, não param de bombar com muito mais que fotinhas fofas e relatos de prova.

Sem dúvida, esse é o Cape Epic mais “instagramável” da história, felizmente!

No esporte competitivo, travar batalhas mentais fazem parte da estratégia, desde sempre. Na grande maioria das vezes, tudo se passa abaixo do radar, mas em outras, a energia das atitudes gera tanto impacto que transcendem o sagrado momento da prova.

Foi assim que começou o maior duelo mental aberto que já assisti no mountain bike, protagonizado pelos atletas Henrique Avancini e Nino Shurter.

Considero que até o momento está saborosamente picante, moral e dentro do limite do desafio maior: instabilizar ou abalar o adversário!

Tudo começou com a declaração do Avancini e a réplica no Nino. Não irei me ater ao tema das declarações iniciais, nem julgar sobre o Avancini ter externado “tretas” intra prova, mas ainda curto o velho ditado: “O que acontece em Vegas, fica em Vegas”.

Acredito que o Nino usou de palavras dirigidas para um alvo com uma explícita intenção de atingir o seu maior adversário na prova e em um futuro próximo, em outros campos de batalha, dada a notória ascensão do brasileiro no cenário mundial de MTB.

Incrível imaginar que um ser verde e amarelo incomodaria tanto o maior ícone de toda história do mountain bike, mas é isto que está acontecendo, como irei mostrar a seguir.

O Nino pode até ter o hábito de cutucar atletas durante a prova, mas o que se viu após a espoleta pegar fogo foi uma série de declarações abertas e atitudes veladas, que exemplifico a seguir:

Somente após a Etapa #4 da Crono, pude perceber:

1 – Nino e Forster não arredaram as bermudas do “Hot Seat”, aquele sofazinho vermelho, onde a linda repórter arranca mais que entrevistas no pós-prova imediato. Logo, a dupla líder concedeu a entrevista sentados na grama.

2 – Nino sabiamente empoderou o seu parceiro, que realmente fez uma bela etapa e não parou de estampar um sorriso, principalmente após a chegada da Cannondale, algo que em nenhuma etapa aconteceu.

3 – O Henrique Avancini declarou que as pernas continuam boas e que as melhores etapas estão por vir (por sinal, o texto será publicado após o resultado da etapa rainha) e mostrando extrema confiança no seu parceiro Mani, que apresentou problemas mecânicos hoje.

Após baixar a adrenalina, seguiram os posts: o @avancinimtb declarou mudança de planos após o problema mecânico com o parceiro, https://www.instagram.com/p/BvReBoqH2VV/  enquanto o @manuelfumic fez um post descontraído https://www.instagram.com/p/BvRrgUulhMt/

No outro lado, o mordido @ninoshurter após postar dois conteúdos estampando o grave problema mecânico que tiveram, no dia anterior, postou um vídeo bem descolado e exibindo alto nível de confiança na conquista da camisa de lider, como se fosse apenas uma questão de tempo. https://www.instagram.com/p/BvRbStShwCB/

Muitos bikers, talvez a maioria, enxergue arrogância. Basta ver os comentários predominantemente brasileiros.

Outros enxergarão autoconfiança e, é claro que esta camada, visando a intimidação e um posicionamento superior ao adversário, é nítida e no meu ponto de vista faz parte do jogo. Abale-se quem tiver menos poder interior e blindagem emocional.

Agora, a minha leitura em uma camada mais profunda é que o olhar que vemos na foto, penetrou na alma do mito e de forma única (pelo menos para mim) o Nino vem fazendo questão de se autoafirmar, como nunca.

Na minha humilde opinião, ele sentiu a presença, a força, a atitude e o brilho nos olhos do Avancini.

Após uma fase de transição 2017-18 repleta de stories na neve, taças de champagne, vinho e glamour, ele enfrentou uma das mais duras temporadas no ano passado, após superar e semi sepultar o Kulhavy, ele novamente passou por momentos duros em 2018, mudando totalmente sua postura no instagram na última pré temporada.

Além disso, demonstra clara vulnerabilidade psicológica com a tal autoafirmação acima da média, talvez por enxergar o Avancini como “o próximo” a apertá-lo (suposições minhas).

Para quem viu as entrevistas com a brilhante Alessandra Dutra, psicóloga esportiva, entende que o nosso guerreiro das trilhas está de fato blindado, em modo combate e como disse ontem: não entregará a Yellow Jersey assim tão fácil, prometendo lutar em modo race face até a última chegada.

Acredito, e ele mesmo já declarou, que o motivo de ter  migrado para o topo do mundo não foram os watts, os treinos mirabolantes e ultrassecretos, mas sim “o invisível”.

A força de um propósito tem movido esse atleta contra todas as estatísticas, dados e históricos brazucas nas pistas do MTB mundial.

O Henrique Avancini não é “um brasileiro”: é um ser humano, energizado por algo muito maior que ele, o que faz expandir sua força e poder interior e isso se deve a algo que vai além das forças naturais. Explico: quando você está no jogo do propósito, de elevar os seus padrões e se conectar com a sua essência, as forças do universo conspiram a seu favor.

Apoio e confesso que me alegro ao ver um atleta com tamanho força de propósito, presença e intenção como o Henrique Avancini.

E você? O que pensa disso?

Sem dúvidas, a partir de agora, você terá um olhar mais profundo não somente sobre o mountain bike, mas também sobre o esporte e a vida.

Enquanto bilhões de seres humanos banalmente vagam pela terra, alguns deles escolhem elevar-se ao máximo, adotando a excelência como modo de vida, buscando de todas as formas, do tangível ao invisível, formas de ir além do que se espera, além do normal.

Te convido a refletir não só sobre este texto, mas sobre a sua vida e a forma que a tem conduzido: afinal, o que falta para despertar em você, “eyes of tiger” como diria o Rocky Balboa ou como fez o Henrique Avancini?

Se gostou desse artigo, compartilhe com o máximo de pessoas, pois se o esporte inspira, Ele inspira muito mais!

Parabéns e Obrigado Henrique Avancini!

O seu legado tende ao infinito!

#PraCima

2 Replies to “Guerra Psicológica no Cape Epic: Minhas ideias e opinião”

Alineo

De mais mestre como sempre vc levando au máximo a mentalidade, obrigado a vc tbm por abrir nossa mente !

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Lais Papa

Obrigado Alineo, tmj!
#pracima

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CHRISTIAN DRUMOND

Cardiologista, Pós graduado em Medicina do Esporte, Coach, Ciclista “Old School”, Apaixonado por MTB, e Fundador do Segredos do Mountain Bike.

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